terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Macroeconomia: Perdas Internacionais


Gostaria de compartilhar o esclarecedor artigo do Prof. Marcos Coimbra, sobre o assunto em epígrafe. Cabe ressaltar que, embora tenha sido escrito em 2002, permanece atual. 
Afinal, assunto sério é para ser exposto tantas vezes quantas forem necessárias, para reflexão e quem sabe, um dia, providências...

Artigo publicado em 17.01.2002 no Monitor Mercantil.
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG
         Durante muito tempo, o ex-governador Leonel de Moura Brizola afirmou, e ainda afirma, que a principal causa das agruras experimentadas pelos países periféricos reside nas chamadas perdas internacionais. Alguns autores procuraram desqualificar tal argumentação, a maioria da população não entendeu e poucos compreenderam o real significado das citadas perdas internacionais. Vamos procurar aqui decodificar o que, de fato, não é tão fácil de perceber, considerando os não iniciados.
         De início, é importante identificar as nações centrais : EUA, Japão e Alemanha. Elas possuem corporações poderosas que constituem a denominada tri-lateral, dominado a economia mundial. Existem nações intermediárias, considerando-se a expressão econômica, como a Grã-Bretanha, a França, a Itália e outras poucas. As demais compõem as economias periféricas, como o Brasil. No passado, havia nações detentoras de parcos recursos naturais, porém com capital, tecnologia e iniciativa abundantes e dotadas de mão-de-obra altamente qualificada, como Inglaterra, Espanha, Portugal, Holanda. Como precisavam do fator de produção escasso, os recursos naturais, dedicaram-se a procurar no mundo países extratores de matérias-primas, como México, Peru, Brasil e outros. Era época das grandes navegações. Simplesmente ocupavam militarmente estas regiões ricas e tomavam os recursos desejados. O custo era o do transporte e o da manutenção das tropas militares necessárias para manter as colônias.
         Com o decorrer do tempo, as colônias foram obtendo a independência política e até mesmo a econômica como os EUA. A maioria, contudo, só obteve a autonomia política. E os laços de dependência econômica, tecnológica, psicossocial e militar foram se sofisticando. Assim, continua a haver o processo de transferência de riquezas das nações periféricas para as nações, mas de forma mais sutil.
         Primeiro, é realizado através do índice de relação de trocas do comércio exterior. As mercadorias vendidas pelos países periféricos aos países mais ricos tornam-se cada vez mais baratas, enquanto os bens comprados ficam cada vez mais caros. Desta forma, começa o processo de drenagem de recursos nas nações mais pobres para as nações mais desenvolvidas (superfaturamento das importações e subfaturamento das exportações, nas transações realizadas pelas filiais de empresas multinacioanais) . A seguir, por intermédio de ações psicossociais "vendem" as idéias do seu interesse para as elites dirigentes das nações periféricas, como, por exemplo, as da globalização e do neoliberalismo. Desta forma, emprestam capitais, a taxas extorsivas, fortalecendo os laços de dependência. Prosseguindo, passam a receber, então, juros elevados e crescentes a cada ano. Convencem as elites dirigentes dos países pobres das vantagens da" privatização", trocando "papel pintado" (moeda) por empresas estratégicas e lucrativas, como a Vale do Rio Doce, por exemplo. Em seguida, oferecem o aporte de capitais de risco, aparentemente mais vantajosos, porém ocasionando, cada vez mais, a remessa de lucros e dividendos. Não satisfeitos, dominam a tecnologia de ponta, obtida através de vultosos investimentos em pesquisa, em especial, na pura, fornecendo a tecnologia já ultrapassada, a preços elevados. As nações mais pobres pagam cada vez mais "royalties". A seguir, vão asfixiando a indústria naval tupiniquim, forçando os periféricos a pagar mais por fretes e afretamentos.
         Deste modo, vão subtraindo fluxos anuais de renda, no valor de US$ 25 bilhões, por exemplo, no caso brasileiro. A conseqüência é a formação de estoques de dívidas incomensuráveis. No caso brasileiro, US$ 230 bilhões de dívida externa (e uma dívida interna de cerca de R$ 630 bilhões). São centenas de bilhões de dólares de fluxos anuais e trilhões de dólares de estoque de dívidas como decorrência. Isto explica a riqueza dos países mais desenvolvidos e a pobreza das nações periféricas. E a tendência é a perpetuação deste processo. As nações que se conformarem com tal situação correm o risco de sofrer convulsões sociais, como a Argentina. As que se insurgirem correm o risco de serem destroçadas, caso não possuam elementos de dissuasão nuclear, como, por exemplo, o Iraque. É o emprego da expressão militar.
         Afinal, este é o processo das chamadas perdas internacionais, incapaz de manter-se por longo tempo, sem que ocorram banhos de sangue.
Correio eletrônico : mcoimbra@antares.com.br

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Desindustrialização e Perdas Internacionais: Um assunto muito sério





Gostaria de divulgar dois assuntos extremamente sérios e cujos efeitos tem sido há muitos anos extremamente nocivos ao nosso país, o Brasil, no entanto não são praticamente divulgados pela mídia: Desindustrialização e Perdas Internacionais:


"O déficit tecnológico da indústria brasileira vem crescendo significativamente. Em 2010, ele ficou em US$ 84,9 bilhões, superando em mais de US$ 20 bilhões, ou 33,2%, o resultado de 2008 - o pior registrado até então. Os dados são de levantamento da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC) com base nas contas do País disponibilizadas pelo Ministério do Desenvolvimento."  Fonte: PROTEC
Entrevista completa: Desindustrialização

Cabe lembrar o que a indústria nacional forte representa: mais e melhores empregos, salários, benefícios, maior participação da produção nacional no Produto Nacional Líquido (que realmente seria o que interessa, mas só é divulgado o PIB, ou seja o Produto Interno Bruto). Ter o PIB alto não é vantagem nenhuma, se a maior parte dele vai para o exterior, não fica aqui, ou seja, não constrói escolas, hospitais, creches, indústrias,  presídios, estradas: absolutamente nada para o povo brasileiro.

       Este assunto está ligado a outro não menos importante que são as "perdas internacionais".
Leia abaixo, excelente texto extraído do blog  Outubro (Blogger), de Nei Duclós (Florianópolis/SC):

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O escândalo não é só o fato de o Brasil ter remetido 57,8 bilhões de dólares para o Exterior em 2008, conforme discriminação dos dados na seção Ponto de Vista da mais recente edição da ótima revista Retrato do Brasil, dirigida por Raimundo Rodrigues Pereira, o jornalista brasileiro que não veio ao mundo a passeio. Nem apenas o de essas perdas terem crescido exponencialmente desde FHC em1992, quando estávamos no patamar de dois bilhões de dólares ano. Mas sim o de a grande imprensa não denunciar essas veias abertas do país sem soberania. E também o fato de que Brizola (acima, junto com Getúlio, na foto tirada de um dos magníficos álbuns de Eduardo de Lucca de sua página no Orkut) falava em perdas internacionais e todos riam. Esse caudilho! exclamavam os novos e velhos donos do poder.
Essas são as evidências, segundo a revista mensal Retratos do Brasil, que entra em fase agressiva de ampliação e captura de assinaturas (86 reais por ano) neste link, telefones 11 3037 7316, e-mail vendas@retratodobrasil.com

O QUE MOSTRA A MATÉRIA?

Dinheiro mandado para o Exterior em

1993 – 2 bilhões de dólares
2002 – 5 bilhões de dólares
2008 - 57,8 bilhões de dólares, assim discriminados:

Lucros totais distribuídos e dividendos (lucros distribuídos parcialmente) - US$ 33,8 bilhões
Remessas de juros por conta de empréstimos – US$ 7,4 bilhões
Royalties e licenças pagos a estrangeiros pelo uso de marcas e patentes – US$ 2,1 bi
Pagamentos de serviços de computação e informações – US$ 2,6 bilhões
Aluguéis de equipamentos - US$ 7,8 bilhões
Contas de turismo e fretes - US$ 10 bilhões

Para pagar toda a conta de renda e de serviços, a balança comercial deveria ter sido 131 % maior. Entendeu agora porque, numa sociedade sem fundos, ninguém tem fundos? Porque nossa política é toda voltada para dar de mamar aos estrangeiros. Para isso fizeram 1964 e seu epígono, 1985. Para isso inflaram FHC, Lula e esvaziaram o trabalhismo autêntico. Foi só para isso.

O que significa? Que estamos ajudando a cobrir o rombo da crise provocada por eles, por meio de uma artifício bandido, o de desvincular as reservas financeiras reais dos totais virtuais investidos. “OS EUA são os principais responsáveis pela crise global”, diz a revista. “Criaram e jogaram nas costas de outros países, especialmente os mais fracos, diversas bolhas financeiras, até que a atual, a maior de todas, explodiu em seu colo.”

Vamos aprender enquanto tem jornalista de verdade vivo no país. Uma vez o Chico Anísio disse que Brasil é uma sigla que significa Bravos Rapazes Americanos Irão Levando.

"Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano."(da Carta Testamento de Getúlio Vargas)"
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Filme: "The Social Network"

Ontem assisti ao filme "A Rede Social".
O filme é interessante, principalmente me fez refletir sobre o impacto da Internet na vida das pessoas (que é muito grande, por sinal).
Gostei bastante da atuação do protagonista Jesse Eisenberg, no papel do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg. Já o conhecia de um filme sobre lobisomens com roteiro bem feito (Amaldiçoados - Cursed).
Os diálogos em Social Network são na faixa do Tera bytes por segundos..! (muito rápidos).
Interessante para quem gosta de tecnologia de informação, bem como mundo dos negócios .com bilionários.
Quero ver de novo, pois é digno de análise, uma vez que as informações são passadas numa velocidade "banda mais que larga". É preciso digerir um pouco, mas um ponto fundamental em minha visão é que eles já tinham, de certa forma, contatos quentes para fazer o site decolar. Depois, virou uma bola de neve bem sucedida (o Facebook hoje vale dezenas de bilhões de dólares).
Contudo, vale frisar, não é digna de admiração de forma alguma a postura antiética do Zuckerberg, aproveitando-se de inúmeras "oportunidades" de levar vantagem nas situações. Na cena final, rico mas aparentemente infeliz, tem a esperança de que a namorada utilize 'sua' criação, o Facebook, para voltar a se relacionar com ela. Mas aparentemente não surte efeito, o que faz lembrar a passagem bíblica em que Jesus comenta: "_O que adianta o homem ganhar o mundo todo, mas perder sua alma?".
Vale a pena conferir. 

Ciências matemáticas: Uma primeira reflexão sobre a Matemática


A matemática: para alguns, a rainha das ciências. Por exemplo, para o alemão Gauss, dentre outros (ele próprio, especificamente, considerado o príncipe dos matemáticos). Para Comte, filósofo francês fundador do positivismo e pelo menos até onde sei (salvo engano) um dos fundadores, senão o fundador, da sociologia, a matemática é ciência que compõe todas as demais, e uma ciência com menor nível de complexidade. Pode parecer absurdo; ora, quem já viu equações matemáticas de certo "tamanho" não acharia que são de nível 'baixo' de complexidade. Mas compartilho com ele dessa opinião, pois examinando as ciências naturais, física e química, por exemplo, verifica-se que, além da matemática ser necessária nesses domínios, também outros conhecimentos de crescente potencial caótico surgem. Por 'potencial caótico' quero dizer dos fenômenos não determinísticos, onde a desordem tende a aumentar. A matemática, não: é em princípio deterministica, se bem que a estatística, probabilidade e matemática dos sistemas dinâmicos (dentre outras que fogem ao meu conhecimento) tentem abordar o não-determinismo, que parece permear a natureza.
       Por isso mesmo, chamar a matemática de 'ciência exata' é censurável: é uma 'ciência matemática', mesmo. Pois tenta quantificar também o aparentemente inquantificável. Quanto à física, química e biologia: ciências naturais. Tecnologia (engenharias etc) não são ciências, embora alguns insistam em confundir engenheiros com cientistas. Engenheiros podem ser, sim, pesquisadores, mas nunca cientistas. Pois cientista é o pesquisador que pesquisa temas das ciências. 
       A tecnologia é arte aplicada, utilizando-se de ciências (principalmente matemática, física e química) como base, em prol do bem-estar da humanidade.

Opinião: Pichação


Vou ser breve e direto neste comentário: Pichação é ridículo, no sentido de 'grotesco'. Pichação é falta de respeito com o próximo, com o semelhante, com o cidadão que se empenhou para adquirir um bem imóvel ou administra um para usufruto. Pichação é primitivo, e os indivíduos e grupos que o praticam deveriam pensar se vale à pena continuar na idade da pedra lascada, ao invés de evoluir. Pichação é uma violência, um absurdo e um ato de egoísmo.

Administração Pessoal: Balanço patrimonial


Quando se trata de administração pessoal, o balanço patrimonial é um dos itens de fundamental importância. Para se alcançar uma situação financeira confortável, é preciso estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, e comparar essas metas com a situação presente, para avaliar como está o progresso em atingi-las. A "situação presente" é demonstrada precisamente pelo balanço patrimonial.
       Ocorre que a maioria das pessoas nunca fez um balanço patrimonial sequer. Por isso, não há como definir com exatidão como está sua situação em termos de bens, sendo esta indefinição tanto maior quanto mais bens esta pessoa possua. Porém, mesmo pessoas com relativamente poucos bens podem se beneficiar da realização do balanço, pois isto evidenciaria as lacunas patrimoniais em sua vida. Por exemplo, identificando que o item "Bens imóveis" fica deixado em branco na planilha, então seria uma meta razoável procurar adquirir um imóvel próprio.
       Não estamos entrando no mérito aqui das dificuldades de se atingir metas. O foco é a criação e atualização sistemática do Balanço Patrimonial pessoal. Isto é feito comumente com auxílio de planilhas eletrônicas (principalmente o Excel da Microsoft, mas posso citar também o Calc do BrOffice, que é gratuito, por sinal).
       Os itens que geralmente constariam nessas planilhas são: Ativos e Passivos. Na seção "Ativos", lista-se os ativos de alta liquidez e baixa liquidez. Na seção "Passivos" lista-se as prestações que ainda estão sendo pagas.
Obs.: Liquidez pode ser entendida como a medida da 'facilidade' com que uma pessoa pode converter um bem em dinheiro disponível para uso imediato.
       Os Ativos seriam, então, os bens e itens que podem trazer rendimentos à pessoa ou representar sua "riqueza": dinheiro vivo, contas correntes em bancos, aplicações financeiras (poupança, fundos de investimento, depósitos a prazo, títulos públicos etc), automóveis e imóveis (estes dois últimos de média e baixa liquidez, respectivamente). Os Passivos são as dívidas: prestações, notas promissórias, saldos devedores etc. Normalmente não se listam eletrodomésticos e mobília na seção de ativos, mas o saldo devedor de suas prestações pode ser colocado na seção de Passivos; prática recomendável, porque sempre estaremos calculando o saldo positivo do balanço patrimonial para "menos", sendo assim mais rigorosos consigo mesmos para nos indispormos a contrair dívidas, e nos predispormos para aumentar a seção de Ativos.
       Então, este seria o objetivo básico do "jogo": aumentar o valor dos Ativos e diminuir o dos Passivos. Para aumentar os Ativos, é necessário: trabalhar em empregos com melhores salários, melhorar a rentabilidade de investimentos, conseguir renda extra etc, ou seja, "aumentar a receita pessoal". Para diminuir os Passivos: controlar gastos, começando com supérfluos e, principalmente, procurando ser feliz com um padrão de vida abaixo de seus rendimentos reais ("real": descontado imposto de renda e inflação); ou seja: "diminuir as despesas pessoais."

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Virtudes e Boas Obras


Ao longo de minha vida, a reflexão me levou a um sistema de pensamento que se resume a duas expressões: virtudes e boas obras.
       Basicamente, os objetivos fundamentais de um ser humano poderiam ser encarados como buscar as virtudes, evitar os vícios e realizar boas obras.
       Cabe salientar que "missões" são parte integrante importante das chamadas "boas obras"; por isso não temos uma trilogia: "Virtudes, Boas Obras e Missões".
       Outro ponto é que, por boas obras, referem-se não necessariamente a ações filantrópicas, mas sim a benefícios à sociedade como um todo, sejam lá quais forem.
       Tudo o que vier antes ou depois disso parecem ser formatações sociológicas para que as pessoas trilhem esse caminho, como no caso de leis e religiões. Ou seja, instituições sociais (governo, escolas, hospitais, forças armadas etc) e religiões, crenças, filosofias e sistemas de pensamento, todos visam a possibilitar a realização das virtudes e boas obras dos indivíduos nas sociedades.
       Como disse Saint Exupèry em "O Pequeno Príncipe":  "_Palavras são fontes de mal-entendidos...". E  certamente esse sistema de pensamento (Virtudes e Boas Obras) não é completo, além de eu poder não estar me expressando da melhor forma... Por exemplo,  provavelmente realmente precisemos, em nossa caminhada pela Terra, de um tutor: Deus.
       Pessoalmente, acredito em um Deus interativo, ou seja, acredito na providência divina, embora seus mecanismos possam ser um tanto quanto sutis, misteriosos e complexos.